126 anos do Diário Popular

A volta à sala de aula na maturidade

Estudar prova que a idade é mais um estado de espírito

Aos 55 anos, uma formanda em Jornalismo. Essa é uma das muitas conquistas de Inês Souza, uma apaixonada pelo conhecimento.

Após descobrir um problema crônico no ombro em 2011, e ser impedida de trabalhar, ela resolveu retomar um antigo sonho: terminar sua formação universitária. Em 2009 precisou abandonar o curso de Jornalismo que fazia na cidade de Bagé e a perspectiva de voltar para a sala de aula parecia, até então, distante.

Como ficar em casa não era uma opção, Inês começou a procurar formas de retomar os estudos. Encontrou em Pelotas uma nova oportunidade. Nos últimos dois anos e meio teve aula com mais de 200 colegas, dos calouros aos formandos, e descobriu uma nova visão de vida com os jovens amigos.

A diferença de idade nunca foi problema, conta Inês, a responsável por apaziguar conflitos entre alunos e professores. “Pela minha maturidade, a confiança dos colegas e mestres surgiu naturalmente”, afirma a formanda. A troca de experiências entre gerações foi tão importante quanto as lições aprendidas.

A formatura está marcada para fevereiro de 2017, mas Inês não pretende parar por aí: o próximo passo é uma graduação em Filosofia.

Após duas isquemias cerebrais e uma recomendação médica de que estudar auxiliaria sua recuperação, Gregória Barrios, 67 anos, ingressou na vida acadêmica.

Ela sempre trabalhou como costureira e por causa dos filhos não pôde estudar. Quando a oportunidade apareceu ela não hesitou ao escolher o curso de Moda, e hoje tem um ateliê onde ministra cursos na área.

“O convívio com os jovens foi maravilhoso”, conta Gregória, que pela experiência sempre auxiliava as colegas nos projetos, mesmo com restrições dos professores.

A aposentada sempre busca maneiras de aprender mais e se aperfeiçoar em sua paixão pela costura, além de exercitar a memória. Para ela, que gosta da vida descomplicada, velhice não se define pela idade, mas sim por quando as pessoas param de aprender coisas novas.

A busca pela juventude foi o que levou o professor de Agronomia, José Sacco, de volta à universidade aos 80 anos, desta vez para cursar Direito.

O caminho não foi fácil, afirma o ex-aluno, hoje com 86 anos, que nunca faltou uma aula e sempre era o primeiro a chegar. Com um sorriso no rosto ele conta que os colegas mais jovens chegaram a apostar até qual semestre ele aguentaria. Hoje eles são novos netos, que fazem parte da grande família do professor.

Em dezembro de 2014, no Theatro Guarany, ele se formou após cinco anos de curso, e a noite trouxe de volta muitas recordações: 61 anos antes, em dezembro de 1953, ele se formara em Agronomia, no mesmo local. Na plateia, pais e amigos deram lugar a filhos, netos e bisnetos, mas as lágrimas de emoção permaneceram. “A melhor idade é a em que estamos, e não há momento mais oportuno para adquirir conhecimento” afirma José Sacco, para quem o tempo não tem limite, muito menos o saber.

As universidades de Pelotas estão abertas para quem também quiser passar por essa experiência transformadora. Há o Centro de Extensão em Atenção à Terceira Idade (Cetres/UCPel) e a Universidade Aberta à Terceira Idade da Universidade Federal (Unati-UFPel).

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